Novo filme da cineasta Anna Muylaert, “Que horas ela volta?” ainda não estreou, mas já chegará premiado aos cinemas brasileiros. No último fim de semana, as atrizes Regina Casé e Camila Márdila receberam prêmio no Festival de Sundance, o mais importante festival de cinema independente dos EUA, na categoria de melhor atriz em filme estrangeiro.
E não é de hoje que o Brasil vem figurando os mais importantes festivais e premiações ao redor do mundo. Vale lembrar de outras vezes em que as produções nacionais estiveram entre os indicados (e algumas vezes vencedores) a prêmios internacionais:
NOS ESTADOS UNIDOS
Ninguém pensa em premiação de cinema sem se lembrar do Globo de Ouro e do Oscar. Na primeira, o Brasil foi indicado apenas uma vez, com o filme “Pixote”, de Hector Babenco, em 1982. Já no Oscar, talvez a mais relevante (apesar de superestimada) entre as premiações, nós demos as caras mais vezes.
O filme brasileiro com mais indicações ao Oscar até hoje é “Cidade de Deus”, que em 2004 concorreu a melhor diretor (Fernando Meirelles), melhor edição, fotografia e roteiro adaptado. Curiosamente, a produção não recebeu uma indicação a melhor filme estrangeiro, categoria para a qual o Brasil ao longo dos anos foi mais indicado na premiação.

Apesar de nosso candidato do ano passado para concorrer a uma vaga na categoria, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (Daniel Ribeiro, 2014), não ter levado a indicação, outras quatro produções brasileiras já figuraram a lista, embora nenhuma tenha até hoje levado o prêmio.
O primeiro foi “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, em 1963. A segunda indicação veio só em 1994, para “O Quatrilho”, de Fábio Barreto. Em 1998, “O que é isso, companheiro?”, de Bruno Barreto. E em 1999, “Central do Brasil”, de Walter Salles, também indicado na categoria de melhor atriz. E quem não se lembra com certo nó na garganta da “derrota”, por assim dizer, da atriz Fernanda Montenegro para a americana Gwyneth Paltrow? – prêmio até hoje questionável (como inúmeros outros na história do Oscar, inclusive).

NA EUROPA
Já no Festival de Cannes, na França, o mais famoso e mais hypado entre os festivais de cinema do mundo, nossas atrizes tiveram mais sorte. Foram duas as vencedoras: Fernanda Torres em 1986, por “Eu Sei Que Vou Te Amar”, e Sandra Corveloni em 2008, por “Linha de Passe”.
E nossos filmes também já foram premiados por lá. O primeiro prêmio foi em 1953 para “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, que venceu na categoria de filme de aventura. Mas a primeira (e até então única) Palma de Ouro, prêmio mais importante do festival, veio nove anos mais tarde, para “O Pagador de Promessas” – prêmio que foi bastante discutido na época, inclusive por cineastas brasileiros do movimento do Cinema Novo, como Glauber Rocha. O próprio Glauber foi premiado mais de uma vez no festival. O primeiro foi um prêmio secundário dado pela imprensa para “Terra Em Transe”. Depois, veio o de melhor direção por “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”.

Outro importante festival de cinema europeu, o Festival de Berlim, já premiou filmes brasileiros com o Urso de Ouro duas vezes: o primeiro prêmio foi para “Central do Brasil”, em 1998, e o segundo para “Tropa de Elite”, de José Padilha, em 2008.
Se premiações são justas ou não, isso é outra história (que a gente até vai discutir aqui, quando o Oscar chegar). Mas que é sempre bom para o cinema de um país ser reconhecido e elogiado internacionalmente, isso é indiscutível. E se depender do bom momento criativo para o cinema nacional, vamos continuar figurando essas premiações por muito tempo.
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