Racismo não é novidade, tampouco fantasia da cabeça de quem o vive diariamente. Basta lembrar dos casos envolvendo o jogador de futebol Aranha, que jogava no Santos no ano passado, e recentemente o episódio com a Banda Fly e o que aconteceu com a jornalista Maria Júlia Coutinho no Facebook, a Maju do Jornal Nacional, para termos certeza de que estamos longe de vivermos em uma sociedade igualitária.
Cito casos de pessoas midiáticas, mas obviamente o racismo atinge a população negra como um todo, e tem raízes muito mais profundas, dos tempos da escravidão no país até o nosso presente, que ainda reflete a persistente desigualdade racial do Brasil.
O mais novo caso de racismo atingiu a atriz Taís Araújo, estrela da série “Mister Brau”, da Rede Globo, ao lado do marido, o também ator Lázaro Ramos. Em sua página do Facebook foram feitos diversos comentários ofensivos, como “cabelo de esfregão”, “negra escrota” e “com esse cabelo dá pra lavar a Globo inteira”.
Em seguida, ao identificarem o racismo das mensagens deixadas, fãs da artista começaram a defende-la, escrevendo mensagens positivas e de encorajamento, além de destacar a beleza de Taís, uma das poucas atrizes negras de grande sucesso no Brasil.
Hoje, 1º de novembro, ela rompeu o silêncio e postou um longo texto em suas redes sociais, dizendo que irá denunciar os ataques recebidos para a Polícia Federal. “Não passarão”, escreveu a atriz.
“É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar: na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha página”, inicia Taís Araújo. “Absolutamente tudo está registrado e será enviado à polícia federal. E eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena nesse país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito”.
Crimes cibernéticos cresceram envolvendo racismo, xenofobia e tráfico de pessoas aumentaram em 2014, como aponta a ONG SaferNet Brasil, que realizou um levantamento com a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. Foram 189.211 reclamações sobre 58.717 páginas da internet, em 2014, e um aumento de 34,15% de páginas consideradas racistas, segundo a SaferNet Brasil.
“Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça. Sigo o que sei fazer de melhor: trabalhar. Se a minha imagem ou a imagem da minha família te incomoda, o problema é exclusivamente seu”, escreveu a artista. “Agradeço aos milhares que vieram dar apoio, denunciaram comigo esses perfis e mostraram ao mundo que qualquer forma de preconceito é cafona e criminosa”.
Para fazer uma denúncia de crimes virtuais, você pode acessar o site da ONG SaferNet, ou a página do Humaniza Redes, ou até mesmo o site do Ministério Público Federal.
“E quero que esse episódio sirva de exemplo: sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie. Não se cale, mostre que você não tem vergonha de ser o que é e continue incomodando os covardes. Só assim vamos construir um Brasil mais civilizado. A minha única resposta pra isso é o amor!”, finalizou Taís Araújo.
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