Boa notícia: segundo a GLAAD, organização que monitora a representação LGBT na mídia dos Estados Unidos, gays lésbicas, bissexuais e pessoas trans foram melhor retratados nos seriados produzidos em 2016. A má notícia: muitas mulheres bi e lésbicas não conseguiram chegar ao final das temporadas de suas respectivas produções.
No final da semana passada, a GLAAD divulgou o “Where We Are On TV” (“Onde estamos na televisão”, em português), seu anual relatório que mede a quantidade e a qualidade das representações LGBT na televisão americana. Foram examinadas séries exibidas na TV aberta, a cabo e nos serviços de streaming (Netflix, Amazon e Hulu) a partir do dia 1º de junho de 2016 até 31 de maio de 2017. Para fazer o levantamento sobre obras ou episódios que ainda não foram ao ar, a organização se apoiou nas informações fornecidas pelos canais sobre o elenco.
O resultado geral é um misto de satisfação e decepção. Gays são o maior grupo representado nas séries de televisão (aberta ou a cabo), enquanto lésbicas são a maioria nos serviços de streaming. O ano de 2016 viu um aumento de personagens trans em todas as plataformas, assim como de personagens bissexuais. Contudo, a maioria de personagens trans e bi são mulheres. Na TV a cabo e no streaming, a maioria dos personagens LGBT são brancos, tendo a TV aberta uma diversidade racial maior.
Lésbicas e mulheres bissexuais foram mortas em grande quantidade em 2016, fato observado pela GLAAD, que acrescentou que a saída dessas personagens, em sua maior parte, foi feita para dar destaque a um personagem principal hétero e cisgênero (quem não é trans).
Confira os resultados:
TV aberta:

- dos 895 personagens fixos presentes em 118 séries, 43 são LGBT e 28 são recorrentes, totalizando 71 personagens. Em relação ao ano passado, houve um aumento de 0,8% de personagens gays, lésbicas, bissexuais e trans, totalizando 4,8%;
- a maioria dos personagens são gays (35, ou 49% do total), seguidos por bissexuais (30%, sendo 16 mulheres e 5 homens);
- o número de personagens lésbicas caiu dramaticamente em relação ao ano anterior: de 23 personagens (33% do total), elas foram para 12 (17%);
- espera-se que 3 mulheres trans (4%) façam sua estreia em séries na TV aberta, sendo duas personagens fixas e uma secundária. No ano passado, não houve qualquer personagem trans;
- 12 personagens lésbicas e bissexuais morreram em seriados durante o ano de 2016;
- 58% dos personagens LGBT são brancos;
TV a cabo:

- segundo a GLAAD, há 92 personagens LGBT fixos e 50 recorrentes, totalizando 142 personagens. Não houve mudança em relação ao ano passado;
- gays são a maioria dos personagens: 65, ou 46% do total, um aumento de 5% em relação à última pesquisa;
- assim como na TV aberta, o número de lésbicas também caiu na TV a cabo, representando 20%, ou 29 personagens;
- o número de mulheres bissexuais aumentou. Elas são 35 (ou 25%) dos personagens. Contudo, homens bissexuais apresentaram uma queda de 6% e são apenas 10 personagens;
- apenas 6 dos 142 personagens são trans, sendo 2 mulheres e 4 homens;
- 10 dos 142 personagens LGBT não devem retornar às suas produções, devido a cancelamentos, mudança de formato ou personagens não serem fundamentais ou mortos na trama;
- 102, ou 72 dos personagens, são brancos, um aumento de 1% em relação ao ano de 2015;
Serviços de streaming:

- 45 personagens LGBT são fixos e outros 20 são recorrentes nas séries apresentadas na Netflix, Amazon e Hulu;
- lésbicas são a maioria dos personagens nas plataformas de streaming, correspondendo a 43% do total (28 personagens), um aumento de 7% em relação ao ano anterior;
- gays são representados em 15 personagens (23%), um queda de 16% em relação ao ano passado (39%);
- mulheres bissexuais são 13 personagens (20%), enquanto homens bissexuais são 4 (6%). Houve um aumento de 15% e 5%, respectivamente, na representação desses indivíduos;
- serviços de streaming possuem o maior número de personagens trans da pesquisa: 11%, ou 7 personagens. Esse é um aumento de 4% em relação ao ano passado. Contudo, todos os personagens são mulheres;
- 4 personagens da lista foram mortos durante o ano, sendo todas elas lésbicas e mulheres bissexuais (Poussey Washington em “Orange Is the New Black”, Bea Smith in Wentworth, Cara Thomas in Marcella, Camila Barrios em “East Los High”);
- a Amazon foi a mais inclusiva com personagens LGBT com deficiência: 14 personagens (29%) têm alguma deficiência;
- “Orange Is The New Black” continua tendo o maior número de LGBTs nas plataformas de streaming;
- 71% de todos os personagens LGBT são brancos.
O relatório completo da GLAAD pode ser lido aqui.